segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Análise da Existência de Valores Clássicos em Looks de Diferentes Épocas


  A pintura acima chama-se “Maria Eulália da Espanha” e foi pintada por Giovanni Boldini em 1898. O pintor, nascido na Itália e estabelecido em Paris, teve influências de seus amigos contemporâneos Manet, Courbet e Degas, e foi considerado um dos retratistas mais talentosos da Belle Époque.

  A retratada, Maria Eulália Francisca de Assis Roberta Margarita Isabel Francisca de Paula Cristina Maria de la Piedad, era uma figura controversial por ser princesa da Espanha e escrever livros polêmicos sobre educação, independência feminina, sobre a igualdade de classes, o socialismo, sobre religião, casamento, preconceitos e tradições.

  Uma pintura do estilo Realista, traça alguns paralelos e algumas diferenciações essenciais com os valores da Antiguidade Clássica. Primeiramente, segue o realismo visto na ética e estética Aristotélica que frisa tanto valores condizentes ao período Clássico (como a simplicidade, a naturalidade, a clareza e o equilíbrio), como valores extremamente destoantes como a importância em retratar-se a realidade como ela é, contrastando com o retratar do ideal visto no período Clássico.

  Testemunhamos também os seguintes paralelos: o uso da técnica do claro-escuro; formas fechadas e definidas; a linearidade; a perspectiva (não claramente aparente, mas podemos apreciá-la na parede a esquerda que acaba na parte inferior da pintura em um plano posterior à figura feminina); a centralização da figura na composição; o uso das cores branca, preta, ocre, vermelha, azul e roxa; o drapeado e o uso de tecidos esvoaçantes.

  As principais diferenciações restantes se dão na presença da assimetria, na forma do vestido, e na elaboração pouco simplista do vestuário.

fonte:



  
  A foto acima foi exibida na revista Dazed and Confused em Fevereiro de 2010. O vestido usado na foto é da coleção de Viktor & Rolf Summer 2010. Viktor Horsting e Rolf Snoeren usaram da experimentação, distorção  e reconstrução desde sua primeira coleção apresentada em Paris em 1993. A dupla, seguindo sua tendência de apagar as linhas que dividem a arte da moda, criaram roupas que têm uma construção arquitetural que parece de repente fatiada, cortada ou mordida. Rolf Snoeren explica “Com a crise de crédito e todo o mundo a fazer cortes, decidimos cortar vestidos de tule.".
 Podemos notar algumas semelhanças entre a foto e os valores clássicos. Essas são: o uso do azul, do preto e do amarelo; o uso de formas fechadas, geométricas e definidas; o uso de círculos; o uso do claro-escuro e da clareza absoluta; o uso de drapeados; a forma humana idealizada numa modelo; tecido esvoaçante a cobrir as partes íntimas femininas; a profundidade – muito reparada pela presença dos cortes nas peças claramente tridimensionais; e finalmente a harmonia.
 Porém notamos principalmente os cortes com alguns dos valores clássicos mais fundamentais. Vemos que tanto o vestido da foto quanto a coleção inteira da dupla holandesa se baseia na assimetria, na não linearidade contendo repentinas quebras e cortes nas formas “esperadas”. Constatamos nisso a influência surrealista em contraste com o realismo arsistotélico e o idealismo de Platão tão presentes na estética clássica.
  A dupla de estilistas, desde sua formação, produz desfiles que atendem às expectativas do mercado de moda ao mesmo tempo que segue constantemente quebrando regras mostrando a arte inovadora em suas criações.


  Fontes:
http://nymag.com/fashion/fashionshows/designers/bios/viktorandrolf/





Tabela de Valores Clássicos




Fontes:
pt.wikipedia.org/wiki/Proporção_áurea
www.africamae.com.br/livros/pdf/ProporcaoAurea.pdf
KÖHLER, Carl. História do Vestuário

Resumo: Teoria Aristotélica da Beleza

  Para Aristóteles a beleza de um objeto não depende de uma participação maior ou menor de uma beleza suprema, ou ideal. Isso resulta da idéia de que a Beleza é uma propriedade do objeto e não algo recebido por uma entidade superior, o que distancia o pensamento completamente da teoria platônica da beleza. A beleza depende sim, para o pensador, de certa harmonia entre as partes desse objeto em relação ao todo e exige, como característica importante, a grandeza ou proporcionalidade do objeto no todo, de modo que defina sua unidade dentro da variedade.

  Sendo o conceito de harmonia fundamental no pensamento aristotélico, o filósofo trata da questão do Feio como algo desarmônico e inclui este no campo estético, contrário ao modo comum de idéias de pensadores antigos.

  Ao recorrer a uma definição objetiva da Beleza, do ponto de vista realista, Aristóteles, na “Retórica”, preocupou-se em estudar as repercursões desta provocadas no observador e chegou a conclusão que “beleza é o objeto que agrada ao sujeito pelo simples fato de ser apreendido e fruído".



SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 2009.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Crítica 1 (revisada)

   O uso do terno masculino por mulheres nos anos 30 foi revolucionário e atualmente vemos versões estilizadas da idéia que circulam livremente pelos vestuários femininos.
   Os anos 30 começaram 11 anos depois do sufrágio feminino nos EUA. As mulheres, depois de terem que preencher o mercado de trabalho quando os homens estavam em escassez por terem ido lutar na primeira guerra mundial, notaram sua vontade de tomar seus lugares fora de casa e ganhar suas independências.


  Quando Marlene Dietrich usou em 1933 um terno completo com gravata expressou a necessidade então emergente de reposicionamento feminino na sociedade porém criou um grande desconforto pelo peso e rigidez das formas tipicamente masculinas.


   Dietrich era uma grande diva do cinema americano.  Tornou-se uma estrela de Hollywood ao interpretar Mademoiselle Amy Jolly  no filme Morocco  de 1930, depois de ter iniciado sua carreira em sua pátria germânica . O personagem interpretado pela atriz transformou-a em um ícone do feminismo por vestir um smoking e encenar o primeiro beijo lésbico no cinema norte-americano.


   A atriz continuou a estrelar grandes filmes hollywoodianos e vestir-se constantemente em sua vida privada com roupas masculinas, fatos que ajudaram a disseminar a idéia de que as formas do vestuário masculino poderiam se adaptar aos corpos femininos.


   Depois de, na década de 70, Yves Saint Laurent criar o Le Smoking e de , na década de 80, os Power Suits se tornarem vestuários praticamente básicos de mulheres trabalhadoras que então já haviam conquistado um posição importante no mercado de trabalho, essa imagem passou a causar menos impacto.


   Atualmente, por estarmos em momento de valorização de silhuetas que respeitam as formas do corpo feminino, a imagem pode causar um estranhamento maior do que na década de 80 onde o terno feminino contava geralmente com modelagens mais folgadas e assim mais similares com o terno masculino.


  Fonte:
www.marlenedietrich.org.uk/id1.htm